A fusão das pequenas e médias cervejarias

Em período de instabilidade do país, cervejarias de pequeno e médio porte se unem em busca de modelo de negócio sustentável.

O ano passado foi marcado pelas aquisições de cervejarias artesanais tradicionais pelo grupo Ambev. A Wäls passou a fazer parte do time das grandes e pouco tempo depois a riberão-pretana Colorado seguiu o caminho aberto pela cervejaria mineira. A incorporação das pequenas cervejarias pelas grandes virou pauta cervejeira e esse tipo de fusão parecia se consolidar como tendência.

Enquanto o mercado absorve o impacto dessas aquisições, outro movimento vem chamando a atenção em 2016. Na última semana, a Barco Brewers, cervejaria de Porto Alegre, se juntou a Saint Bier (Santa Catarina), acompanhando a iniciativa de outras pequenas cervejarias que estão se aliando às artesanais de maior porte.

Juntas, Barco e Saint Bier vão trabalhar no desenvolvimento, produção, marketing, e logística para chegar ao consumidor de forma mais competitiva e profissional. Enquanto o mercado cervejeiro balança com aquisições das grandes, BARCO e SAINTBIER provam que é possível crescer e se fortalecer, sem perder aquilo que é imprescindível para a cerveja artesanal: o cuidado e o carinho do cervejeiro com seu produto“, anunciam as cervejarias em comunicado oficial.

No Rio de Janeiro, a Beertoon, marca recém-lançada que tem como sócios o cervejeiro Leonardo Botto, o cartunista Ique Woitschach e o empresário Léo Cerqueira, resolveram dar as mãos à Cervejaria Mistura Clássica e a partir de agora passam a dividir custos e a somar expertises. Ambas acreditam na pavimentação deste setor em franco crescimento, que colabora com o desenvolvimento econômico do país. As duas marcas serão controladas a cinco mãos, tendo a frente também os representantes da Mistura Clássica – Marta Ribeiro e Severino Batista, o Bill.

A Mistura Clássica, com 14 anos no mercado, reputação construída em cima de prêmios e um patrimônio consolidado, e a Beertoon, de apenas três meses de vendas, mas com um DNA inovador, irreverente e único, constroem, assim, uma aliança promissora.

Soma-se à fusão a inauguração de uma moderna fábrica em Angra dos Reis (RJ), em uma área de 150 mil metros quadrados na Marina Verolme – maior polo náutico da América Latina. O local terá bar, beertank e boutique e entrará no roteiro turístico da Costa Verde, tendo acesso de carro, barco e helicóptero. No bar da fábrica serão vendidos produtos da Mistura Clássica, da Beertoon e artigos do novo grupo.

Antecipando-se à essa estratégia, a 2cabeças, primeira cervejaria cigana do Rio, foi a primeira cervejaria a iniciar esse movimento. Em 2015, ela se uniu à Invicta:

O fim de 2014 foi um momento de reflexão sobre o futuro da 2cabeças, e de rever nosso modelo de negócio. Estávamos cansados de tantas mudanças, então buscamos um caminho diferente. De cara, surgiu a vontade de voltar para a cervejaria que melhor nos atendeu durante nossos três anos de vida cigana. Conversamos com o Rodrigo Silveira sobre isso, e conseguimos colocar um quartinho para a 2cabeças dentro da casa da Invicta. Estamos todos muito felizes de trabalhar juntos de novo, agora ainda mais proximos“, afirma Bernardo Couto, sócio da 2cabeças.

Ainda segundo Bernardo, a vantagem é contar com uma estrutura melhor e produção mais constante dos produtos na fábrica. É uma sinergia de interesses das duas cervejarias.

Em um período de instabilidade do país, que essas uniões sirvam para colaborar com o desenvolvimento da cerveja artesanal no país e que consigam cumprir a missão de entregar produtos de qualidade a preços justos aos seus consumidores finais.

Um comentário para “A fusão das pequenas e médias cervejarias

  • Eu ia dizer que valeria a pena falar da Dogma(união de três cervejarias ciganas) mas já vi que já teve outra matéria aqui no Maria Cevada sobre a fusão delas.

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